Santa
Maria, 10 de Fevereiro de 2014
E
o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança para
sempre. Isaías 32,17
A
Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) congratula e se solidariza com a
celebração do VI Congresso Nacional dos Movimentos das Trabalhadoras e
Trabalhadores Rurais Sem Terra do Brasil. O MST há trinta anos organiza sonhos
e desejos de vida plena, defende os direitos ao acesso democrático e humano a
terra, ao trabalho, a alimentos livre de venenos e luta contra o preconceito de
grupos que por centenas de anos permanecem em situação de privilégio e
dominação em nossas terras.
São
três décadas de sonhos, mobilizações, lutas e conquistas para um Brasil melhor
e para uma sociedade onde a justiça e a paz se beijam (cf. S. 85). Reconhecemos
suas ações e colaborações na firme defesa de pessoas excluídas dos meios de
produção deste país rico e extenso, mas dominados por uma elite que concentra,
domina e é a aliada da violência para manter seus privilégios e a todo custo
defender seus lucros.
A
terra e a humanidade são expressão da Palavra de Deus, por sua “ordem todas as
coisas vieram a existir: a vastidão do espaço entre as estrelas, as galáxias,
sóis, os planetas em suas órbitas, e esta terra frágil que é nosso lar. Dos
primeiros elementos fez surgir a raça humana e a abençoaste com memória,
razão e sabedoria…” (cf. Livro Comum de Oração p.81).
Essa
é a religião que a família anglicana celebra e defende. Uma religião que
reconhece e defende a vida, especialmente os mais empobrecidos e excluídos, e o
planeta, usurpado pelo lucro e pelo egoísmo de poucos, como expressão de um
Deus que ama e se entrega para que a vossa alegria seja completa (cf. Jo
16:24c).
Como
igreja de Deus neste país a Família Episcopal Anglicana se junta ao MST, um dos
maiores aliados da sociedade brasileira, neste tempo de graça e martírio e
conclama a todas as pessoas de boa fé na missão, também cumprida por este
movimento, de “responder as necessidades humanas com amor, buscar a
transformação das estruturas injustas da sociedade e a lutas pela salvaguarda
da integridade da criação, sustento e renovação terra” (cf. Cinco Marcas da
Missão-CCA e CL 1988).
Nosso
compromisso como igreja deve ser claro e irredutível no reconhecimento, apoio e
envolvimento com movimentos que lutam pela justiça e direitos do planeta
e das pessoas que nele habitam, que fazem campanhas para que nossos alimentos
sejam sem venenos e nossa agricultura seja principalmente para alimentar
a população que passa fome. A terra e a vida pertencem ao Senhor. Não se pode
ficar parados enquanto a maioria da população sofre e é explorada ou
escravizada por uma minoria ainda poderosa neste país.
Convido
a todas as pessoas das comunidades da família anglicana a fazer um momento de
oração pela realização deste congresso em Brasília na semana de 10 a 14 de
Fevereiro. 15.000 sem terras e parceiros de outros grupos e organizações estarão
celebrando 30 anos de vida e de luta pela cidadania e dignidade. Tanto já foi
conquistado, mas ainda falta muito e nossa fé deve ser expressão do amor de
Deus. Nossa religião é aquela que se coloca ao lado dos “mais pequeninos
violentados e excluídos” (cf. Mt 25:31-46), tem misericórdia e publicamente a
expressa, mesmo que isso leve a Cruz.
Nossa
Igreja se fará representar neste Congresso pela presença de meu irmão e bispo
Mauricio Andrade, bispo diocesano de Brasília e companheiro de caminhada nas
lutas pela justiça e dignidade.
Ubi
Caritas et Amor. Deus ibi est. Onde está à solidariedade e o amor Deus aí está.
++ Francisco
de Assis da Silva
Primaz
do Brasil e Diocesano em Santa Maria
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