quinta-feira, 5 de setembro de 2013

PREVENÇÃO E ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA AS MULHERES


Há alguns anos, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil – IEAB, através do Serviço Anglicano de Diaconia e Desenvolvimento – SADD, tem encorajado pessoas a tomarem consciência de seus direitos e transformarem a sua condição social. O SADD tem seis anos de existência e nos últimos três anos tem trabalhado a luta pelos direitos de todas as pessoas. Diante dos altos índices de violência contra as mulheres no Brasil, entendeu-se que seria importante apresentar um instrumento para a capacitação de pessoas interessadas em trabalhar esse tema na igreja, bem como na sociedade.
No ranking mundial de assassinatos, na comparação de 84 países em homicídio de mulheres, o Brasil está em um dos primeiros postos, ocupando o 7º lugar. Em três décadas, ao menos 92 mil mulheres foram mortas dentro de seus lares. No ano de 2006 foi criada a Lei Maria da Penha, considerada um dos avanços mais extraordinário dos últimos tempos. Essa lei castiga com rigor os homens que atacam as companheiras e/ou ex-companheiras, obrigando o poder público a montar uma rede de proteção a mulheres vítimas de violência doméstica – delegacias, defensorias públicas, promotorias e tribunais. A Lei Maria da Penha estabelece que também são crimes o ataque sexual, o patrimonial, o psicológico e o moral – que costumam ser os passos anteriores ao espancamento e ao assassinato.
As estatísticas mostram que a cada 15 segundos, uma mulher é agredida no Brasil; a cada duas horas, uma brasileira é assassinada; 53% das mulheres assassinadas tem entre 20 e 39 anos; 59% dos brasileiros conhecem uma mulher vítima de violência; 52% das mulheres agredidas que procuram atendimento no SUS já foram atacadas antes; 65% dos ataques a mulheres são cometidos por seus companheiros; 69% das agressões contra mulheres ocorrem dentro de casa.
Todos esses dados devem ser publicados e trabalhados nas diferentes instancias da sociedade para que possamos combater esses índices. E cabe a cada cidadão e cidadã brasileira assumir o seu papel nesse combate a Violência contra as Mulheres. A IEAB não quer ser omissa nessa luta.
Como a Violência contra a Mulher é um fato presente em todos os estados do Brasil, cremos que a elaboração dessa cartilha irá contribuir para divulgação dos direitos das mulheres. Creio que o trabalho da cartilha irá abrir os olhos das nossas comunidades espalhadas por todo o território nacional para a luta pelos direitos das mulheres e pela defesa de um lugar seguro para que as mulheres possam romper com todas as formas de agressão e sejam livres para celebrar a vida. É chegada a hora da igreja se envolver nessa luta. E à medida que esse debate for se fortalecendo nas comunidades, a voz das mulheres começará a ser ouvida e o seu clamor aos poucos chegará às lideranças locais, municipais, estaduais e nacionais.
À medida que os membros das comunidades vão se conscientizando das violências sofridas por suas mulheres, não mais serão omissos e esperamos um compromisso da igreja na denuncia aos agressores. Se conseguirmos Cesar o silêncio e a omissão, seremos vitoriosos na luta contra a violência contra as mulheres.
A cerimônia de lançamento da Cartilha aconteceu na noite de sexta-feira, 16 de agosto, na Catedral da Ressurreição, em Brasília. Participaram do evento lideranças clericais e leigas das dioceses que participavam do evento de formação para o uso da cartilha, representantes de Senado Federal (Comissão de Direitos Humanos), a Christian Aid e Anglican Alliance, os membros da Comissão Nacional da Verdade e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil.

Sandra Andrade
Coordenadora do SADD

Adm: Silviane Medeiros



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